HISTÓRIA DA RAÇA JERSEY

Leopoldo Costa

A raça Jersey é descendente do Bos brachyceros, sendo originária da ilha de Jersey no Canal da Mancha, que pertence ao Reino Unido.

Na sua formação pode ter participado as raças Bretã e Normanda, ou segundo outros as raças antigas da Germânia, descendentes do gado deixado pelos Arianos.

Desenvolveu-se a partir de 1.100, adaptando-se as condições da ilha com limitada produção de forrageiras, pois a maior parte da área, que é de apenas 11.655 hectares, tinha que ser destinada ao cultivo de cereais e tuberosas para a alimentação dos habitantes. Tornaram-se animais menores.

A raça foi melhorada pela seleção natural, buscando a produção de leite e em 1734 já tinha bem caracterizada esta aptidão, conforme os registros encontrados. Foi protegida de qualquer miscigenação com outras raças e  livre de zoonoses exóticas, pois desde 1763 é proibida a entrada de qualquer outro bovino na ilha de Jersey.

Porém, clandestinamente em 1789 foram desembarcados alguns animais pelo navio ‘Alderney’. Os animais descendentes desta importação ficaram conhecidos pelo nome do navio e criados numa área restrita da ilha, sem contato com o rebanho primitivo.

Nas primeiras três décadas do século XIX, devido a excessiva consanguinidade a raça foi degenerando. Os zootécnicos franceses Le Conteur e Le Cornu iniciaram um trabalho cuidadoso para seu ressurgimento e depois de alguns anos conseguiram  produzir animais de alto padrão com boa produção leiteira.

Em 1833, foi fundada a ‘Sociedade Real Agrícola e Hortícola de Jersey’ para incentivar a agricultura e a criação do gado Jersey. Em 1836 foi realizada no mercado de gado da rua Beresford em Londres a primeira exposição oficial da raça Jersey.

No ano de 1850 foi registrada a primeira exportação oficial  de pouco mais de uma dezena de animais da raça Jersey para os Estados Unidos. Extraoficialmente os primeiros animais chegaram ao país em 1815 em um navio inglês. Em 1868 foi fundada o ‘American Jersey Cattle Club’.

Em 1854 houve exportações para a Austrália e em 1862 para a Nova Zelândia. Em 1868 foram enviados animais para o Canadá e em 1896 para a Dinamarca, que está conseguindo uma boa seleção com alta produtividade leiteira. O primeiro livro de registro no Canadá teve início em 1901.

Em 1866 foi instituído o primeiro livro para registro genealógico.

Em 1878 foi fundada a ‘Sociedade Inglesa de Criadores de Gado Jersey’.
Na França o primeiro ‘herdbook’ foi criado em 1903 e o da Africa do Sul foi criado em 1906. Na Argentina os primeiros animais chegaram em 1905 e em 1914 organizaram o primeiro livro de registro genealógico. Em 1910 a raça foi introduzida no Uruguai.

Devido as proporções territoriais da ilha de Jersey, provavelmente nunca comportou mais do que 10.000 cabeças e assim não foi difícil atingir as metas de seleção.

Curiosamente, foi durante a ocupação nazista (entre junho de 1940 e maio de 1945) que os criadores da ilha foram obrigados a utilizar critérios severíssimos para a seleção. As tropas de ocupação importavam carne bovina da Alemanha e da França, também ocupada, porém, nos últimos seis meses de ocupação o cerco dos Aliados dificultou estas remessas de carne e cerca de quarenta cabeças eram abatidas por semana para alimentar as tropas nazistas. Cada criador era ‘convidado’ a ceder uma quantidade de animais para ser abatido. Ele  escolhia os piores animais que tinha e se não tivesse, trocava com os vizinhos os seus bons animais pelos piores deles para a cessão. Com isso uma boa seleção dos melhores animais foi compulsoriamente feita.

No Brasil.

O gado Jersey chegou ao Brasil em 1896, com algumas cabeças importadas por Joaquim Francisco Assis Brasil (1857-1938)[1], que as enviou para sua propriedade de Pedras Altas, município de Erval, no Rio Grande do Sul. Eram alguns tourinhos da fazenda particular em Windsor da rainha Vitória (1819-1901) da Inglaterra. Estes tourinhos depois de adultos cruzaram com vacas Crioulas da fazenda e vieram a formar um rebanho de vacas mestiças que se espalhou pelo Rio Grande do Sul.

Em 1930 a raça Jersey foi oficializada pelo Ministério da Agricultura.

Em 1938 foi criada a ‘Associação de Criadores de Gado Jersey do Brasil’, com sede no Rio de Janeiro. Em 1954 o livro de registro genealógico da raça foi transferido do Rio Grande do Sul para a Associação. 


[1] Na época Assis Brasil era embaixador do Brasil em Londres. Foi o pioneiro brasileiro também na importação dos cavalos Árabes, ovinos Karakul e bovinos Devon.

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