HISTÓRIA DOS CAMELÍDEOS

Leopoldo Costa

Os Camelídeos são mamíferos da ordem dos Artiodactyla compreendendo três gêneros e seis espécies. Os gêneros são Lama, Vicugna e Camelus.

No gênero Lama temos duas espécies:
1. L. glama (Lhama)
2. L. guanicoe (Guanaco)

Anteriormente a Alpaca era considerada como uma espécie do gênero Lama.
Em 2001 entretando, após estudos de Jane Wheeler da Royal Society de Londres que demonstrou a semelhança do DNA da Alpaca com a Vicunha, ela passou a ser considerada como uma espécie do gênero Vicugna.

Assim, no gênero Vicugna temos duas espécies:
1. V. vicugna (Vicunha)
2. V.pacos (Alpaca)

No gênero Camelus temos também duas espécies:
1. C. dromedarius (Dromedário)
2. C. bactrianus (Camelo comum)

Os Camelídeos selvagens habitavam pradarias, altiplanos, regiões áridas, semiáridas e desérticas.
São animais herbívoros alimentando-se de capim, folhas e grãos, tendo alguns, o costume de golfar o conteúdo dos seus estômagos, quando se sentem ameaçados.
Existem alguns cientistas que advogam que a origem comum de todos os Camelídeos foi o subcontinente norte americano, de onde foram extintos em 10.000 a.C.

LHAMA

A lhama é o maior camelídeo nativo da América do Sul. Muitas vezes o nome é usado, erroneamente, para identificar também a vicunha, a alpaca e o guanaco, que como vimos, são espécies diferentes. Foi domesticado pelo povo Inca, tendo sido muito importante para eles.

Vivem na cordilheira dos Andes, onde as temperaturas são baixas. Assim, a pelagem lanosa serve para protegê-los do frio, além de proteger o seu corpo de arranhões e outros ferimentos.

São criados, não apenas como animais de carga, mas também pela sua carne. Substituía o cavalo, o boi, o caprino e o ovino da Europa, para suprir as necessidades dos habitantes dos altiplanos andinos.

Reconhecidos paleontólogos como Joseph Leidy (1823-1891), Edward Drinker Cope (1840-1897) e Othniel Charles Marsh(1831-1899) nos seus estudos, demonstraram que durante o período Terciário, as lhamas não se restringiram apenas a América do Sul, alcançando através do istmo do Panamá a América Central e a região das montanhas Rochosas na América do Norte. Os despojos arqueológicos encontrados evidenciam que antes eram animais maiores do que os de hoje.
Nos tempos da dominação espanhola, as lhamas eram usadas nas minas de prata em Potosi, hoje na Bolívia, transportando minério das montanhas. Gregório Bolívar, um missionário franciscano espanhol que catequizava os índios da região no início do século XVI, estimou que naquela época 300.000 lhamas eram empregadas em Potosi.

A lhama é conhecida pelo seu estilo calmo e o caminhar vagaroso, porém pode se irritar facilmente, cuspindo (golfando) em quem o perturbe.
A lhama alimenta-se de capim e pequenos arbustos, medem de 1,40 m a 2,40 m e chega a pesar 150 kg.

GUANACO

O nome guanaco vem da língua quechua ("huanaco"). O guanaco vive no mesmo ambiente das lhamas, alpacas e vicunhas. Como a alpaca, tem dupla cobertura de lã que tem maior valor comercial por ser mais fina do que a dela. Não é domesticado. Tem a cor da pelagem variando de um marrom claro ao mais escuro sombreada de canela. A pelagem é branca no tórax e na barriga.
Sua altura varia entre 107 e 122 cm, pesa cerca de 90 kg.
Suas características marcantes são seus grandes olhos castanhos, a forma corporal equilibrada, e a enorme energia.
Pode passar quatro dias sem beber água e vive em grandes altitudes próximas aos 4 000 metros.
Caçadores clandestinos abatem os guanacos para aproveitar a sua carne, a pele e a lã.
O esterco do guanaco é um fertilizante de grande eficácia, por conter alta concentração de potássio.

VICUNHA

A vicunha é um camelídeo mais gracioso e delicado do que o guanaco, que vive na cordilheira dos Andes em estado selvagem.
Possui porte menor que a lhama, e assim como esta, sua pelagem possui diferentes cores, podendo chegar a 22 tonalidades. Pode alcançar 1,20 m a 1,50 m de estatura e seu peso pode variar de 45 kg a 90 kg.
A vicunha é o animal é o menor dos camelídeos andinos.
Sua lã é muito fina e tem alto valor comercial, por esse motivo, a vicunha esteve à beira da extinção por ser alvo dos caçadores clandestinos. Cada animal tem um rendimento de 450 g de lã por ano, valorizada e utilizada pelo homem desde a era pré-colombiana.

A população de vicunhas, que chegou a ter apenas 25.000 exemplares, graças a proteção das autoridades, chega atualmente quase a 170.000 exemplares, sendo que aproximadamente 100.000 vivem no Peru. O número vem crescendo em média 8% ao ano.
Habita montanhas de 3.000 a 4.600 metros de altura, no platô andino na região central e sul do Peru, oeste da Bolívia, norte do Chile e noroeste da Argentina.

A vicunha está bem adaptada à vida nesse ambiente inóspito. Em comparação com os camelos e dromedários, a vicunha possui cascos profundamente bipartidos, permitindo que caminhe e corra com mais aptidão em encostas rochosas, penhascos e pedras soltas.
A vicunha é o único ungulado que possui incisivos de raiz aberta e crescimento contínuo.
Vivem em manadas de 5 a 15 fêmeas e suas crias, lideradas por um macho. A monta é realizada em março/abril e depois de uma gestação de 11 meses produz-se uma cria que vive com a mãe até a idade de 10 meses.

ALPACA

A alpaca é bastante aparentada com a vicunha e, um pouco mais distante, com o guanaco e a lhama. A maior população de alpacas encontra-se hoje no Peru, com aproximadamente 3 milhões de cabeças, mais que 87% da população mundial.
Existem duas variedades diferentes de alpaca: a Huacaya e a Suri.

A Huacaya tem fibras densas e esponjosas que cobrem todo seu corpo deixando apenas a cara e as patas cobertas com pelo curto. Seu pelo cresce perpendicular ao corpo e tem um friso definido em toda sua área. É a alpaca mais preponderante no Peru, com aproximadamente 93% do rebanho.

A Suri apresenta fibras lisas, sedosas e compridas. As fibras crescem paralelamente ao corpo do animal. Sua população é estimada em 150.000 cabeças, e pela raridade a sua fibra tem bom valor comercial.
É criada na cordilheira dos Andes no Peru, Chile e Bolívia, para o aproveitamento da sua lã. Tem o hábito de golfar o conteúdo do estômago, que é usado quando se sente ameaçada. Mas é muito dócil. Seu período de gestação é de 335 dias e as crias nascem com peso aproximado de 7 kg.

CAMELO BACTRIANO.

O camelo comum, chamado de camelo bactriano pode ter sido domesticado no norte da Pérsia (atual Irã) ou no sudoeste do Turquestão à cerca de 2.500 a.C. São animais fortes com patas largas e chatas.
Suas narinas tem a propriedade de abrir e fechar evitando a aspiração de areia, assim como grossas sobrancelhas duplas e cílios volumosos protegem os olhos das ondas de areia, que são comuns no deserto. Sua boca é dura permitindo que possa comer a vegetação espinhosa do deserto e sua pele e pelagem mantêm a temperatura do corpo nas noites frias e nos dias quentes que tem de suportar.
Pode beber de uma só vez até 120 litros de água, ficando depois vários dias sem beber nada.
As mais importantes raças são a Kalmyk e a Sonid.

A raça Kalmyk habita a região que lhe dá o nome, o Astrakan e o Casaquistão.
É composta por animais grandes e fortes com grande capacidade de carga. Os machos pesam entre 700 kg e 1.000 kg e as fêmeas entre 650 kg e 750 kg.
O rendimento de lã varia entre 8 kg e 10 kg por ano.
A raça Sonid habita principalmente os altiplanos, os desertos e as áreas semidesérticas do norte e do noroeste da China e são criados com o objetivo de fornecer lã, leite e carne, além de transportar cargas.
A produção total de lã é de aprox. 5 kg por animal e as femeas produzem 1,5 de leite por dia, depois de amamentar a sua cria.

DROMEDÁRIO

Os dromedários são nativos do nordeste da Africa e do oeste da Ásia. Foram domesticados na Arábia à cerca de 4000 a.C.
Os dromedários viviam em estado selvagem no Saara, até 1000 a.C, quando foram extintos. Os domesticados foram introduzidos na região, quando os Persas sob o comando de Cambises invadiram o Egito em 525 a.C.
Na época do domínio Romano eles mantinham uma tropa de soldados montados nesses animais para patrulhar os limites do seu império localizados em áreas desérticas.
Os Persas treinavam os dromedários para carregar mercadorias nas caravanas que cruzavam o deserto.
A gestação do dromedário dura 12 meses e uma cria é parida por vez. A vida em cativeiro dura em torno de 25 anos, conhecendo alguns animais que chegaram até aos 50 anos.
Os dromedários também são usados para a produção de leite e carne. São mais fáceis de treinar para ajoelhar e facilitar a montagem dos passageiros.
As mais importantes raças de dromedários são a Afar, a Arvana e o Somali.
As raças Afar e Somali vivem na Somália e a Arvana no Turquimenistão, Usbequistão. Azerbaijão e sul do Casaquistão.

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