HISTÓRIA DO PAU BRASIL



Leopoldo Costa



Caesalpina echinata’, nome cientifico do pau brasil foi dado por Lamarck em 1789. Os indígenas o chamavam ‘ibirapitanga’, os franceses ‘brésil’ e os toscanos ‘verzino’ ou ‘vercino’. No Brasil é conhecido também por ibirapitanga, ibirapiranga, ibirapita, muirapiranga, orabutã, brasileto, pau-rosado e pau-de-pernambuco

A árvore do pau brasil fica adulta e apta para corte com altura de 8 a 10 metros, diâmetro de 40 a 70 centímetros e idade de 22 anos. 

O pigmento extraído da madeira (chamado brasileína) era usada na Europa no preparo de tintura para tecidos e tinha excelente valor comercial. Um quintal (58,3 kg) valia entre dois e meio e 3 ducados. O lucro no comércio era também muito gratificante desde que, para sua extração e transporte até o porto de Lisboa o custo de um quintal não ultrapassava a meio ducado.

Foram os Árabes que introduziram na Europa, no século IX, o uso do pigmento original obtido de uma árvore parecida com o pau brasil, existente da Índia (Caesalpina sappang, cuja tintura também é usada para curar feridas e úlceras). No século XII a tintura já era de uso bastante conhecida na Itália, Flandres e na França, no século XIII chegou à Espanha e no século XV chegou a Portugal. Vermelho era a cor preferida da roupa da aristocracia europeia.

Vicente Yañes Pinzon (1462-1514) foi o primeiro europeu a levar pau brasil para a Europa. Em 1501, após visitar o norte e nordeste do Brasil, embarcou 350 quintais. (cerca de 20.414 quilos).

Jean de Lery (1536-1613) na sua obra ‘Viagem à Terra do Brasil’ de 1578 escreveu sobre a estranheza manifestada por um velho índio, que não entendia por que os estrangeiros vinham de tão longe, interessado apenas em buscar uma simples madeira, tão abundante em todo o território. Existia pau brasil desde o cabo de São Roque até Cabo Frio.

Com o estabelecimento das feitorias, o comércio de pau brasil entre a Colônia e a Corte prosperou bastante, porém, além dos portugueses, vieram buscar pau brasil os piratas franceses.

O envio das expedições guarda-costas teve como principal objetivo, coibir este contrabando. 

Mas, já em 1504, por aqui esteve Binot Paulmier de Gonneville que embarcou valiosa partida. Outros contrabandistas franceses (conhecidos como flibusteiros) vieram posteriormente, como também, outros de nacionalidade holandesa, inglesa e espanhola.

O rei Manuel I de Portugal (1469-1521), por via diplomática, fez chegar ao rei da França Luís XII (1462-1515)  reclamações sobre estas invasões de território, que não tiveram resposta. Os reis Luís XII e seu sucessor e Francisco I (1494-1547) não tomaram nenhuma providência.

Francisco I, inclusive, estava bem aborrecido com o papa Alexandre VI (1431-1503), porque pelo Tratado de Tordesilhas (1494) ele tinha repartido as terras a serem descobertas, apenas entre Portugal e Castela (Espanha). As expedições dos franceses seriam um revide à decisão papal.Chegou a se manifestar junto a Roma, questionando onde estava escrito na Bíblia ou no testamento de Adão, que o mundo seria dividido apenas entre Portugal e Castela. Outorgou a João Ango (mais tarde identificado como o português João Afonso), uma carta-de-marca, que o autorizava a pilhar barcos portugueses com suas cargas, até o limite de valor de 250.000 ducados. Esta carta foi comprada mais tarde por Antônio de Ataíde, representante do rei de Portugal, tentando por fim a estas pilhagens.

No século XVII,  o aumento da exploração exigiu que os cortes fossem feitos a maior distancia do litoral. Usavam-se carros de bois para transporte das toras de pau brasil até os embarcadouros, fazendo com que alguma atividade pecuária fosse desenvolvida em torno das feitorias. O pau brasil já em toras era adquirido dos indígenas por escambo, trocado por espelhos, facas, tesouras, machados, pentes e enxadas.

Fernão (Fernando) de Noronha (de origem judia) obteve em 1501 um contrato de três anos para explorar a madeira, estabelecendo-se para isso, uma sociedade comercial com outros comerciantes também de origem judia.  Para ter direito da extração se obrigava a pagar uma taxa anual de 4.000 cruzados. Em contrapartida também, comprometia-se a enviar ao Brasil, arcando com os custos, no mínimo seis navios por ano e explorar 300 léguas do litoral, além de instalar feitorias. O contrato renovado algumas vezes, vigorou até 1511. Nesse período as exportações de pau brasil alcançaram uma média anual de 20.000 quintais (1.167 toneladas). 

Apenas a Nau Bretoa em uma viagem em 1511 levou para Portugal, 150 toneladas de madeira.

A partir de 1513, o contrato foi cedido para Jorge Lopes Taborda (ou Bixorda), que era também um importante comerciante de escravos. Tinha trazido em 1538 uma leva de escravos de Angola para ser vendido na Bahia.

Quando o Brasil foi dividido em Capitanias Hereditárias, dada a importância do comércio do pau brasil para Portugal, a Coroa reservou para si o monopólio, ficando os respectivos donatários com 20 por cento dos lucros. 

No período de domínio espanhol, o rei de Espanha, mandou publicar em 1605, o Regimento do Pau Brasil, que codificava toda a legislação relativa ao assunto,  reafirmando o monopólio da Coroa sobre o seu comércio. 

Durante a ocupação holandesa, isto a partir de 1637, a comercialização da madeira na área ocupada, passou a ser monopólio da Companhia das Índias Ocidentais. Estatísticas indicam que desta região, entre 1631 e 1651, foram exportados cerca de cinco milhões de libras (2.270.000 toneladas) de pau brasil para a Europa.

Como não era ainda conhecida a existência de ouro e pedras preciosas, não havia sido iniciado o cultivo de cana de açúcar e a criação de gado era incipiente, foi a extração do pau brasil, o único estímulo para iniciar a colonização do Brasil.

Como vimos, para satisfazer o luxo dos mais ricos da sociedade europeia, os exploradores, de forma incontrolada, abateram centenas de milhares de árvores distribuídas ao longo da costa, desde o Rio Grande do Norte até o Rio de Janeiro. As mais cobiçadas eram as de Alagoas e de Pernambuco, por produzir um pigmento de coloração intensa e mais duradoura.  

Hoje a espécie é raramente encontrada em estado natural e considerada uma árvore em extinção.  



0 Response to "HISTÓRIA DO PAU BRASIL"

Post a Comment

Iklan Atas Artikel

Iklan Tengah Artikel 1

Iklan Tengah Artikel 2

Iklan Bawah Artikel