HISTÓRIA DA RAÇA TABAPUÃ
Leopoldo Costa
O desenvolvimento da raça Tabapuã começou em 1907, quando José Gomes Louza da cidade de Leopoldo de Bulhões em Goiás, adquiriu em Uberaba alguns animais zebuínos importados da India. Três destes animais foram repassados para os irmãos Salviano e Gabriel Guimarães, criadores de gado Mocho, que tinham fazenda em Planaltina, hoje no Distrito Federal. Com cruzamentos controlados e apurada seleção genética conseguiram desenvolver o primeiro zebuíno mocho do Brasil. Tiveram bastante sucesso com os seus animais e em 1912 a revista ‘Informações Goianas’ já mencionava a presença de zebuínos mochos na Feira Agropecuária de Goiania.
Na década de 1930, o filho de José Gomes Louza, Lindolfo Louza adquiriu dos irmãos Guimarães um lote de fêmeas e machos mochos que enviou para a fazenda Gameleira pertencente a Lourival Louza (filho de Lindolfo), que se dedicou a melhoria da raça com a introdução de sangue de Nelore. Na década de 1940, Francisco Inácio, um fazendeiro amigo dele, introduziu o sangue de Gir.
A raça prosperou muito na região e na década de 1930 já eram observados vários zebuínos mochos nas boiadas que partiam de Goiás com destino ao frigorífico de Barretos, no estado de São Paulo.
A fazenda São José dos Dourados recebeu uma boiada de gado zebuíno mocho e parte deste rebanho foi comprado por Alberto Ortenblad da fazenda Água Milagrosa em Tabapuã (SP). Ele em 1943 selecionou um lote de 100 matrizes e com um competente trabalho zootécnico conseguiu estabelecer o padrão da raça que foi denominada Tabapuã, sendo reconhecida pelo Ministério da Agricultura em 1969.
A Associação Brasileira de Criadores de Tabapuã com sede em Uberaba (MG) congrega os criadores da raça e mantem um registro genealógico.
A presença do Zebu mocho era tímida nas exposições até a década de 1980, quando, rapidamente, novos criadores foram surgindo entusiasmados pelas características do gado.
De fato, o Zebu mocho ostentava uma constituição sólida, caracterização racial estabelecida, permitindo prever um bom resultado nos cruzamentos. O Tabapuã surgia como sendo uma ‘raça feita para as condições do pecuarista brasileiro’.
Sua criação ficava restrita ao estado de Goiás, ao Triângulo Mineiro e ao noroeste de São Paulo e na década de 1990, o Tabapuã chegou a todas as regiões brasileiras, presente nas fazendas de mais de 800 criadores e ocupando um importante papel nas vendas de sêmen. A raça tipicamente brasileira chegou à maioridade.
Com a chegada da raça Brahman (a partir de 1994), pensava-se que o Tabapuã iria ser desprestigiado, pois apresenta muitos pontos de semelhança com a raça norte-americana. A realidade, no entanto, foi outra, pois o Tabapuã vem subindo no conceito geral de grandes pecuaristas, devido ao sucesso em programas de cruzamentos. Talvez por apresentar uma reminiscência de sangue europeu (gado Mocho Nacional), uma notável rusticidade (oriunda do Guzerá) e uma excelente plasticidade (do Nelore), o Tabapuã vem apresentando bons resultados no geral.
Além do bom desempenho nos campos e cerrados do Brasil Central o Tabapuã provou ser a única raça zebuína que está dando muito certo nos cruzamentos realizados no Rio Grande do Sul, região de clima temperado.
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