HISTÓRIA DA MARGARINA
Leopoldo Costa
A conservação da manteiga no verão europeu, embora não tão inclemente como o brasileiro, era um grande problema. O preço era outro. Com a finalidade de substituir a manteiga, em 1860 o imperador Napoleão III (1808-1873) da França instituiu um concurso que dava um prêmio para quem criasse um produto com as mesmas características, que fosse mais barato e fácil de conservar. Seria para o consumo das classes menos favorecidas e para o exército.
Em 1869 o químico francês Hippolyte de Mége Mouriés (1817-1880) ganhou o prêmio. Ele conseguiu produzir uma nova gordura que chamou de ‘oleomargarina’, preparada de sebo bovino do qual extraia a parte líquida cozinhando sob pressão que era solidificada e misturada com butirina (matéria gordurosa da manteiga) e água.
A palavra ‘margarina’ vem do grego ‘margaron’ que significa ‘pérola’ e foi criada por Michel Eugène Chevreul (1786-1889) para nomear um ácido que descobriu pela sua aparência aperolada, pensando que fosse um dos ácidos graxos que formavam as gorduras animais, o ácido margárico.
Mais tarde, em 1853, foi demonstrado por Wilhelm Heinrich Heintz, que o ácido margárico era apenas uma combinação dos ácidos esteárico e palmítico.
Com a descoberta do processo de hidrogenação dos óleos vegetais em 1901, pelo químico alemão Wilhelm Normann (1870-1939) a produção de margarina foi favorecida.
Em 1871, a fórmula de Hippolyte de Mége Mouriés foi vendida ao comerciante de manteiga holandês Jan Jurgens e ao mesmo tempo ao seu concorrente Van den Bergh. Jurgens e sua família começaram produzindo grande quantidade de margarina e foi seguido por Van den Bergh, sendo que em 1872, apenas um ano depois, as duas empresas já dominavam o mercado europeu do produto. Com a margarina custando metade do preço da manteiga, o negócio prosperou muito e em 1895 a produção de margarina já atingia 300 mil toneladas – 10% do mercado de manteiga.
Na época da sua introdução no mercado, ocorreram falsificações de manteiga com a mistura de margarina, sendo necessário criar uma legislação dura e especifica para coibir a fraude.
Em 1927 Jurgens e Van den Bergh desistiram de ficar disputando cada uma per si o mercado, o que muitas vezes implicava em ter de abaixar os preços a níveis insuportáveis, e decidiram unir as forças criando uma nova empresa, a Unie, para comercializar a margarina.
Na Inglaterra, os irmãos Lever, que desde 1884 eram grandes comerciantes e produtores de sabão e possuindo excedentes de óleos de palma e de gordura de baleia resolveram também fabricar margarina.
O avanço do produto na Inglaterra e no continente europeu preocupou a Unie, pois ameaçava o seu monopólio. Houve negociações e em 1930 a Unie e a Lever se uniram e constituíram a Unilever para comercializar a margarina e todos os produtos de ambas. O sucesso fez da Unilever uma das maiores empresas do mundo.
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