HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DE GADO NA COLÔMBIA


Leopoldo Costa

Antes da colonização europeia o território hoje ocupado pela Colômbia era habitado por algumas tribos provenientes da America Central, que chegaram à região aproximadamente em 1200 a.C. Foram eles que introduziram a cultura do milho na região. Uma segunda leva de índios chegou em 500 a.C.

Artefatos destes ancestrais foram encontrados em escavações próximas a San Agustin, em Tierra Dentro e em Tumaco.

Os Chibchas, oriundos da Nicarágua e Honduras, os Aruaques, oriundos de outras áreas da America do Sul chegaram entre 400 e 300 a.C. e os Caraíbas, vindos das ilhas do Caribe chegaram a torno de 1000 a.C. Os Caraíbas eram os mais aguerridos e lutavam com as outras tribos.

A mais avançada cultura, quando os espanhóis chegaram era a dos chibchas que dividiam em duas nações, a dos Muiscas que habitavam o planalto de Cundinamarca e Boyacá e os Taironas que habitavam próximos a Serra Nevada de Santa Marta.

Os Muiscas eram bons agricultores e cultivavam milho e batata. Já tinham estabelecido o aldeamento de Bacata, que os espanhóis conquistaram e em 1538 mudaram o nome para Santa Fé de Bogotá.
Apesar de o seu nome homenagear o descobridor da America, não foi ele o primeiro a explorar o território do país. Outros exploradores espanhóis chegaram antes com o objetivo de explorar as minas de metais preciosos.

Em 1499, uma expedição que explorava as costas da Venezuela, comandada por Alonso de Ojeda (1465-1515), dobrou o cabo de La Vela em Guajira. Faziam parte da expedição Juan de la Cosa (1460-1510) e Américo Vespúcio (1453-1512).

Juan de la Cosa voltou a explorar as costas colombianas com Rodrigo de Bastidas (1468-1527) em 1501. Repetiu as explorações em 1504 e 1507 e em 1510 morreu nas mãos dos índios, próximo de Cartagena.

Em 1509, novamente Alonso de Ojeda (1465-1515) e Diego de Nicuesa (1464-1511) foram incubidos pela coroa da Espanha a explorar o país. A Alonso de Ojeda coube a região de Nueva Andalucia, que ficava entre o cabo de La Vela e o golfo de Urabá e a Diego de Nicuesa coube a Castilla de Oro, que ficava a oeste de Urabá.

Em 1511, Vasco Nuñez de Balboa (1475-1519), substituiu Alonso de Ojeda e subiu o Atrato de Furindó e em 1513 após atravessar o istmo do Panamá, descobriu o oceano Pacifico.

Em 1522, a expedição de Pascual de Andagoya (1495-1548) chegou até a foz do rio San Juan.  Entre 1524 e 1526, Francisco Pizarro (1478-1541) e Diego de Almagro (1475-1538), seguindo os caminhos de Pascual de Andagoya exploraram a costa colombiana do Pacifico.

A primeira introdução de gado bovino foi feita por Rodrigo de Bastidas (1468-1527), que se tornou em um dos mais prósperos criadores de gado das terras conquistadas pela Espanha nas Américas. Acompanhou Cristóvão Colombo (1451-1506) na sua segunda viagem em 1494 e obteve da coroa espanhola, mediante o financiamento com o seu próprio capital, a concessão para realizar expedições exploradoras à costa da América.

Receberia uma participação de 25% nos lucros que auferisse com a descoberta dos metais preciosos. Numa destas expedições, descobriu o istmo do Panamá.

Conseguiu permissão da coroa espanhola para transferir parte do gado de Santo Domingo para o território colombiano e instalar uma fazenda de criação na costa caribenha. Solicitou a licença para embarcar 200 vacas, 300 porcos e cavalos para cria o que foi concedido em 16 de maio de 1524, por uma Cédula Real. No dia 29 de julho de 1525, desembarcou na costa com a sua expedição e fundou a cidade de Santa Marta. Bastidas foi assassinado em 1527, por cerca de 50 homens contratados pelo tenente Juan Villafuerte, por não ter concordado em repartir uma certa quantidade de ouro que tinha obtido.

Na ilha de La Hispaniola (Santo Domingo), hoje dividida entre Haiti e República Dominicana, Bastidas possuía um rebanho de 10.000 cabeças de bois na primeira década do século XVI.

Depois, houve as expedições dos irmãos Pedro e Alonso de Herédia que em 1532, obtiveram também a permissão para embarcar gado de La Hispaniola com destino ao continente, mas os embarques só foram realizados em 1535/1536 com destino a cidade de Cartagena, que tinha sido fundada por Pedro de Heredia em 1 de junho de 1533. Vieram além de bovinos, cerca de 200 cavalos.

Em 1542, Alonso Luis de Lugo (?-1525), governador de Nova Granada, desembarcou no cabo de La Vela uma expedição de 300 homens, alguns cavalos, vacas e touros. A maior parte destes animais foi levada para as margens do rio Magdalena para o estabelecimento de fazendas de criação.

Em 1558, Francisco Ruiz Lozano (1607-1677) militar peruano, foi encarregado pelo governo para percorrer á cavalo, o caminho da costa defronte a ilha de Margarita até Nova Granada para verificar como deveria ser a movimentação de gado bovino, muares e equinos através desse trecho do território. Ele estabeleceu uma trilha atravessando o rio Magdalena com 60 homens e 80 cavalos e chegou a Santa Fé de Bogotá.

Sebastian de Belalcazar (1480-1551) desempenhou um papel importante para a interiorização da criação de gado na Colômbia. Á procura do lendário El Dorado, conquistou uma vasta região o que é atualmente Nariño, Cauca e Huila, fundando as povoações de Cali e Papayan (1536). Descobriu as nascentes dos rios Magdalena e Cauca. Mais tarde, retornou á região recém conquistada com uma expedição de índios, bois e cavalos e estabeleceu algumas fazendas de criação.

No quartel final do século XVI, havia na Colômbia muita disponibilidade de carne para uma população pequena e com pouco hábito de consumir carne. Desperdiçavam muita carne, como ocorreu nos pampas. Algumas vezes, chegavam a abater um animal apenas para o aproveitamento do couro que era exportado. A carne e os subprodutos eram descartados e serviam de alimentos para as feras.

Os jesuítas conseguiram formar grandes fazendas de criação de gado, principalmente na fértil região de Meta e Casanare. Eram os mais prósperos fazendeiros da Colômbia.

No começo do século XVII, a criação de gado sofreu a sua primeira crise. Com o esgotamento das pastagens naturais e o crescimento de consumo, incentivado pelos preços baixos e pela mudança de hábitos, faltou carne bovina para suprir a demanda. Levou um bom tempo para equilibrar a oferta e a demanda, mas depois, a criação de gado se tornou uma atividade bastante remunerativa.

No século XIX teve início a expansão da criação de gado, principalmente em Antioquia, onde desenvolveu com a exploração de novas áreas, na costa do Atlântico, quando foram instaladas cercas de arame farpado, o que permitiu dividir as pastagens e separar os animais.

Na região em torno da capital (Bogotá), a expansão da criação de gado se deu nas áreas pequenas, onde os pequenos criadores com maior dedicação alcançaram grande produtividade, graças também ao cruzamento com animais de raças européias de primeira linha.

Em 1871 foi criada a associação dos fazendeiros colombianos.

Várias raças autóctones foram desenvolvidas a partir dos bovinos trazidos pelos colonizadores. Na sua maioria eram animais das raças espanholas Tudanca, Negra Andaluza, Murciana e Cacereña.

A raça Casanare desenvolveu no Piedemonte Llanero e savanas do oriente da região. A cor da pelagem é variada, com predominância de animais da cor preta com capa preta ou amarela. Os chifres são grandes. Em 1980 o ‘Fondo Ganadero de Boyacá’ criou em Yopal, Casanare um núcleo para aprimoramento da raça.

A raça Blanca Orejinegro é criada de clima mais ameno da região andina. Tem pelagem branca, com as orelhas pretas e as mucosas escuras. Os chifres são médios. Foi desenvolvida na região de Antioquia e Risaralda. O ‘Centro de Investigaciones El Nus’ em Antioquia é o principal núcleo de melhoramento genético da raça.

A raça Chino Santandereana foi desenvolvida no centro norte da Cordilheira Oriental. São animais baios, com pés, mucosas e cascos bem pigmentados e chifres finos. O ‘Fondo Ganadero de Santander’ é o pioneiro no melhoramento da raça.

A raça Costeña con Cuernos foi a que mais se desenvolveu no país, principalmente na parte norte. São animais de tamanho médio, pelagem que varia de baio claro a vermelho cereja e cabeça com chifres finos. As fêmeas se destacam como boas produtoras de leite. O ‘Centro de Investigaciones Turipan’ de Córdoba cuida do melhoramento da raça.

A raça Harton Del Valle foi formada no vale de Cauca. Tem muita semelhança com a raça Costeña con Cuernos e Chino Santandereana, inclusive na cor da pelagem.

A raça Romosinuana foi desenvolvia no vale do Sinú, no departamento de Córdoba pelo cruzamento de animais da raça Costeña con Cuernos e Angus ou por mutação genética. É atribuído aos jesuítas a sua formação durante o século XVII. Existe predominantemente na região de Meta, Córdoba e Sanmartinero. A pelagem pode variar do amarelo claro ao vermelho cereja. Em 1936 foi criado um núcleo em Monteria para preservar que a raça não fosse absorvida pelos Zebus e em 1950 outro núcleo em San Martin. O ‘Centro de Investigaciones La Liberdad’ localizado em Villacencio é o responsável pela seleção e aprimoramento da raça.

Em 1937, a Colômbia tinha um rebanho de 9,2 milhões de cabeças de bovinos, 1 milhão de eqüinos, 1,9 milhão de suínos e 900 mil ovinos. Como a população do país era de 8.5 milhões de pessoas, havia 1,1 cabeça de bovino para cada habitante.

Em 1941 a população bovina aumentou para 10,4 milhões de cabeças, a de ovinos aumentou para 1,2 milhão de cabeças, a de eqüinos ficou estabilizada em 1 milhão de cabeças e a de suínos diminuiu para 1,2 milhão de cabeças. Em 1938 as exportações de couros foram de 8.000 toneladas e em 1945 caiu para 3.000 toneladas devido ao encolhimento do mercado de couros como conseqüência da Segunda Grande Guerra.

Em 1960 a produção agropecuária da Colômbia representava 52% do produto interno bruto do país. Com 15,7 milhões de cabeças ela tinha o quarto maior rebanho bovino da America Latina, depois, apenas de  Brasil, Argentina e México e o 10º do mundo.

Evolução do rebanho bovino nos últimos 40 anos:

(000)
1965
1970
1975
1980
1985
1990
1995
2000
2005
Bovinos
16.882
20.200
23.222
23.945
23.271
24.415
25.551
24.368
25.699
Caprinos
675
630
626
645
879
959
965
1.185
1.200
Equinos
983
1.123
1.435
1.695
1.906
1.975
2.450
2.550
2.553
Suinos
1.500
1.470
1.877
2.030
2.381
2.640
2.500
990
1.724
Ovinos
1.630
1.962
1.921
2.413
2.500
2.547
2.540
2.288
3.333

Cerca de 40 milhões de hectares do território colombiano é dedicado a atividade pecuária, dos quais mais de 60% se localizam em altitudes menores aos 1.000 metros sobre o nível do mar. O rebanho bovino colombiano 90% possuem sangue zebuíno ou têm alguma influência genética zebuína.

O crescimento das raças zebuínas tem sido essencial para o desenvolvimento nacional. A ‘Asociacion de Criadores de Ganado Cebú’ (Asocebú), criada em 1946, hoje é a maior associação pecuária colombiana em registro de gado das raças Brahman, Gir e Guzerá e conta com cerca de 1.100.000 registros de animais puros. 

Aproximadamente 70% do leite da Colômbia é produzido com vacas provenientes do cruzamento das raças Brahman, Gir e Guzerá com gado europeu especializado em leite ou duplo propósito.
O gado Brahman colombiano se destaca em nível mundial por ter uma genética da mais alta qualidade do mundo. Por isso, é reconhecido por países como Austrália, Brasil, Estados Unidos, Equador, Venezuela e Panamá.

Em 2008, a Colômbia produziu 950.000 toneladas de carne bovina, ocupando o terceiro lugar na América do Sul, atrás apenas do Brasil e da Argentina. A produção nacional de carne registra excedentes, que a Colômbia exporta principalmente para a Venezuela.



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