HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DE GADO ENTRE OS CELTAS


Leopoldo Costa

Uma das primeiras povoações Celtas situava-se junto à Hallstatt no vale do rio Danúbio, hoje na Áustria. Ficava próxima das minas de Salzberg a ‘montanha do sal’, de onde os celtas passaram a extrair sal para consumo e comercialização, uma fonte de renda importante para eles.

O povo Celta tinha pele branca, grande estatura, olhos azuis e cabelos louros. A mais antiga referencia aos Celtas foi de Heródoto (?484-?425) quando descreveu as nascentes do rio Danúbio.

Hecateu (?540-?475), descrevendo a colônia grega de Massilia (Marselha) menciona que a colônia ficava próxima da terra dos Celtas.

Era composto de diversas tribos como Insubles, Boios, Arvernos, Senovos, Eduos, Lngones, Gauleses etc.

A expansão do domínio Celta começou no século VI a.C. e atingiu o seu ápice no século III a.C.
Desenvolveram uma machadinha de pedra que era uma arma bem eficaz muito usada nas guerras e caçadas.

Partindo na direção do oriente, os Celtas conquistaram a Boêmia, todo o vale do rio Danúbio, passando pela Transilvânia e chegando até onde hoje é a Ucrânia. Ao norte dos Balcãs marcaram presença desde o século IV a.C., em confrontos com os ilírios e trácios e pouco depois com os Macedônios.

Conquistaram a Ásia Menor e a Galácia estabelecendo sua base em Ancira (Ankara)-hoje capital da Turquia. Na direção oeste conquistaram a Gália, as Ilhas Britânicas e a Irlanda. Na direção sul dominaram toda a península Ibérica, onde mais tarde miscigenando com os Iberos, deram origem aos Celtíberos.

Atravessaram os Alpes, invadiram a Lombardia, e dominando os Etruscos, apossaram-se de toda a região sul do vale do rio Pó, avançando até os Apeninos e o mar Adriático.

Uma peculiaridade dos Celtas era que quando deslocavam, levavam consigo as suas famílias e todos os haveres, incluindo o gado e os animais domésticos. Os soldados iam à frente e as famílias e suas coisas na retaguarda em carroças puxadas por bois e conduzindo atrás os seus animais.
Essas carroças de transporte surgiram no vale do rio Danúbio nos princípios do segundo milênio antes de Cristo.

Os guerreiros Celtas decapitavam seus inimigos e carregava as cabeças como troféu. As cabeças dos guerreiros mais corajosos eram embalsamadas num processo que usava óleo de cedro, sendo que algumas tribos decoravam-nas com ouro e eram usadas como vasilhames domésticos.

Em 390 a.C, nas suas investidas para conquistar o sul da Itália, os Celtas resolveram saquear Roma e tiveram sucesso. Ocuparam a cidade durante sete meses barbarizando e torturando os moradores a procura de ouro e joias. Quando decidiram retornar para o norte da Itália exigiram um tributo de 450 quilos de ouro.

Um magistrado romano, representando a comunidade questionou o valor do tributo e teve a seguinte resposta do chefe celta: ‘os vencidos não têm escolha’.

Os Romanos revidaram e em 225 a.C, na batalha de Telamon, os Celtas foram derrotados, fugiram para a sua capital, que era localizado onde hoje é a cidade de Bologna, onde foram alcançados e massacrados pelos soldados romanos.

A economia dos Celtas era predominantemente agropastoril. Cultivavam cereais e criavam bovinos, equinos, suínos e ovinos, estes últimos mais direcionados para a produção de leite e lã. A cevada e o trigo colhidos eram armazenados em silos subterrâneos de até dois metros de profundidade revestidos de palha trançadas e argila.

Usavam arados de ferro muito mais eficazes do que os de bronze, pois poderiam aprofundar mais os sulcos. Também usavam ceifadoras de ferro e dispunham de uma segadora tracionada por cavalos, que causou grande curiosidade quando os romanos a viram pela primeira vez.
Quando se estabeleciam em algum local, procuravam onde havia bom suprimento de água e disponibilidade de pastagens naturais para o gado.

Nas escavações arqueológicas em locais onde habitaram os Celtas não é raro encontrar ossos de cavalos, como também ossos de bois, ovelhas e de porco. Supõe-se que o cavalo era criado primeiramente com a finalidade de fornecer carne e leite. Era um pequeno cavalo chamado ‘tarpan’, que mais tarde foi empregado como animal de carga e tiro.
No sul da Inglaterra foram encontrados. num sitio arqueológico, vestígios de casas, estábulos, currais, cercas e valas de demarcação de área, evidenciando que ali existiu uma fazenda de criação de gado.

Na Espanha central e no norte de Portugal foram encontradas grandes esculturas de pedra com figuras de touros e cachaços. Tinham o propósito de proteger os rebanhos.

A moeda Celta tinha como referência o gado. A unidade básica de valor era o equivalente a seis vitelos ou três vacas leiteiras, que correspondia também ao valor de uma escrava (‘cumal’). O sistema se generalizou e passou a ser usado para avaliar quase tudo.
Os celtas habitavam casas de madeira retangulares, agrupadas em aldeias cercadas por paliçadas para melhorar a defesa.

Quando morria um Celta, o cadáver era colocado numa carroça que era enterrada juntamente com o cadáver. Na campa era colocada uma espada, lanças, recipientes de cerâmica com água e vinho, peças de carne bovina e de porco. Acreditavam que a pessoa precisaria de tudo isto para ‘viver’ no outro mundo.

A dieta básica dos Celtas era composta de carne de porco cozida ou assada, acompanhada de manteiga, queijo, mel e legumes. Durante as refeições sentavam-se em circulo sobre peles curtidas de ovinos com lã e se serviam em mesas baixas. Os melhores cortes da carne, o lombo, por exemplo, era reservado para as pessoas mais importantes e os guerreiros mais corajosos. A comida era acompanhada de vinho, sempre tomado em uma única taça que corria de mão em mão entre os comensais presentes.

Em 450 a.C. aconteceu um interessante florescimento da criatividade celta que ficou conhecido como ‘período de La Téne’ nessas manifestações artísticas.

Na Irlanda, a literatura épica cantava os atos de uma sociedade guerreira cuja riqueza, como já vimos, era mensurada pelas cabeças de gado que cada família possuísse. Os fatos heroicos eram na maioria das vezes, incursões de pilhagem de gado.

Também na Irlanda, para obter favores da deusa da natureza, tinha que ser feito o sacrifício de um representante de cada comunidade que precisasse dos seus favores. Conta uma lenda, que o rei de Tara precisava fazer uma aliança de guerra com uma nação estrangeira. O ritual prescrito pelo druida para facilitar esta aliança exigia o sacrifício de uma criança isenta de pecado. Quando a vitima estava preparada para o sacrifício, apareceu uma misteriosa fada que  a trocou  a criança por uma vitela.

Os animais representavam divindades. Na Gália havia o Deiotaros (‘touro divino’) e na Irlanda o Ro-Ech (‘cavalo grande’) Epona, a deusa égua, era adorada em muitos altares.




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