HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DE GADO ENTRE OS HUNOS
Os Hunos eram originários da Ásia central, sendo provavelmente descendentes dos Hiung-nu, um povo nômade que invadiu o norte da China no século IV a.C. e até o século II a.C. viveu nesta região.
Não praticavam a agricultura e viviam como nômades pastoreando os seus rebanhos. Eram habilidosos no manejo do arco e flecha que atiravam montados a cavalo. Eles espalharam terror nos inimigos devido a velocidade em que podiam se movimentar, trocando de montaria várias vezes ao dia para manter esta vantagem. Uma segunda vantagem eram os seus arcos compostos recurvados, muitos superiores a qualquer outro usado no ocidente. Apoiados em seus estribos (que alguns consideram uma invenção deles), podiam atirar suas flechas para frente, para os lados e para trás.
Eram habilidosos criadores de cavalos e os rebanhos de dezenas de milhares deles seguiam as expedições, que também incluía as famílias dos guerreiros. As suas migrações sempre tinham como objetivo a busca de novas pastagens para seus animais. Não construíam habitações fixas e viviam em suas carroças e barracas que eram armadas em lugares aprazíveis.
As barracas eram feitas de pele de carneiro ou de feltro de lã de carneiro.
Os Hunos criavam todo tipo de animais domésticos, embora as informações sobre os equinos sejam mais completas. Na economia dos hunos os caprinos tinham um lugar de destaque. As peles destes animais eram usadas para a confecção de uma espécie rústica de botas que protegiam as pernas dos cavaleiros. Nenhum autor grego ou romano menciona a existência de carneiros, porém as carnes que eles cozinhavam nos grandes caldeirões para a alimentação de toda a expedição era carne de carneiro. Também as ovelhas forneciam leite que eram servidos in natura ou para a fabricação de queijo. As sandálias eram fabricadas de pele de carneiro, como também os seus gorros típicos.
Escreveu Amiano Marcelino (320-39o), historiador romano sobre os hunos:
‘Os hunos são rudes no seu modo de vida. Não tem necessidade nem do fogo, nem da comida saborosa. Comem as raízes das plantas selvagens e a carne semicrua de qualquer espécie de animal. Vestem-se com tecidos de linho ou com peles de ratos selvagens costurados umas as outras. Depois, de vestir suas roupas, não a retiram do corpo, até que o tempo as desfaça em pedaços. Os hunos vivem permanentemente montados em seus cavalos. Desse modo, sempre montados, compram e vendem, comem e bebem e, agarrados ao pescoço do animal, dormem em sono profundo. Os hunos não de dedicam a agricultura. Vivem sem terra, sem lei e sem qualquer forma de organização estável. Parece que estão fugindo em suas carroças.’
A primeira conquista dos Hunos foi em 177 a.C., quando dominaram os Iustchi e colocaram em perigo o império chinês. A grande muralha da China foi construída pelos chineses com o objetivo de evitar a invasão deles e dos Mongóis.
Em meados do século IV decidiram tomar a direção do oeste europeu. Em 370, apareceram na região do rio Volga, atacando os Alanos, Hérulos, Sépidas, e Suevos. Em 376, invadiram o território dos Ostrogodos e os aniquilaram com a ajuda estratégica dos Romanos, que estavam temerosos, pois estes já tinham ultrapassado o limite do rio Danúbio.
Mais tarde, em 390 estabeleceram-se na Hungria. Encontrando as planícies húngaras e achando as pastagens adequadas para seus cavalos, resolveram conquistar a cidade de Szeged, as margens do rio Tisza (Theiss), transformando-a no seu quartel general.
Continuando as suas conquistas: em 427 foram os Visigodos, em 428 foram os Francos e em 430 os Burgúndios.
Depois da morte do seu tio Rua em 433, a liderança foi assumida por Átila (406-453), que governou de 441 a 453, ficando conhecido como ‘Flagelo de Deus’. Ele se empenhou em aumentar os domínios e desentendendo-se com os Romanos, conquistou e destruiu importantes cidades do império romano ás margens do rio Danúbio.
Em 447, os exércitos de Átila devastaram a Ilíria, a Macedônia e a Trácia, destruindo setenta cidades e em 448, para se proteger, o imperador do Ocidente, Teodósio II (401-450) firmou um acordo de paz com eles.
Em 450, os Hunos dominavam na Europa um território que ia do alto Danúbio até o rio Dnieper.
Em 450, invadiram a Gália, mas foram derrotados em 451 pelos Gauleses com a ajuda do exército romano.
Em represália, os Hunos conquistaram Turim, Aquiléia e as maiores cidades da Lombardia e marcharam em direção de Roma, porém não tiveram sucesso, pois foram derrotados por Marciano (391-457).
Prisco de Pânio (século V) foi um embaixador do Império Romano do Oriente, enviado para encontrar-se com Átila no seu acampamento. Sua visita coincidiu com a de representantes do Império Romano do Ocidente. Ele relatou que ambas as delegações foram convidadas para jantar com o líder dos Hunos. De acordo com o costume dos Hunos antes foi oferecido uma tigela para que pudessem lavar as mãos e cada um tomou o seu assento quando foi servido vinho. Depois do vinho foram encaminhados para uma mesa onde o jantar estava posto. Átila estava sentado numa poltrona acolchoada e logo foi encaminhado para um sofá enfeitado com cortinas onde ia ser servido da comida. Os convidados mais ilustres ficavam a sua direita. Iniciado o serviço, um empregado serviu-lhe uma taça de madeira cheia de vinho. Ele brindou, bebeu um gole e passou para o próximo convidado a sua direita e assim foi passando de um a um até todos brindarem.
Foi uma refeição lauta onde serviram bastante carne em bandejas de prata e muito vinho. Cada conviva se servia de vinho em copos de ouro ou prata e Átila se servia na taça de madeira. Suas roupas eram simples e limpas. A espada que pendia a seu lado, os fechos das sandálias e as rédeas de seu cavalo tinham enfeites de ouro e de pedras preciosas.
Quando anoiteceu vieram as tochas para iluminar o recinto e alguns cantores apresentaram músicas compostas pelo próprio Atila, relatando suas vitórias e sua valentia.
Depois de passar a maior parte da noite na festa, todos saíram bastante satisfeitos.
Em 453, Átila faleceu e os domínios foram distribuídos entre seus filhos, desfragmentando-se completamente. Em 454, na Panônia, foram derrotados e 30.000 guerreiros mortos, inclusive o chefe Elilac, filho mais velho de Átila. Seu irmão, Eunac fugiu para as margens do rio Don, com alguns guerreiros, mas foram completamente exterminados pelos ávaros em 560.
A principal fonte de renda dos Hunos era a prática do saque aos povos dominados. Quando chegavam numa região, espalhavam o medo, pois eram extremamente violentos e cruéis com os inimigos. Sua tática essencial era fazer ataques relâmpago e propagar o terror.
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