HISTÓRIA DAS RAÇAS BOVINAS PORTUGUESAS

Leopoldo Costa

ALENTEJANA

Também conhecida como Transtagana, é originária da região de Alentejo. É uma raça primitiva e milenar, como o provam os fósseis existentes no Museu dos Serviços Geológicos de Lisboa, pelas semelhanças que apresentam com ossos correspondentes dos atuais bovinos. É do tronco aquitânico, mesma família da raça Retinta da Espanha, Limousin da França e diversas raças dos Pirineus e da Galicia. Tem a cor vermelha dourada e chifres compridos. Foi durante muito tempo, utilizada principalmente para a lida agrícola, que com a mecanização da agricultura não foi mais tão necessário.
A produção de carne tornou-se então o principal objetivo do sistemas de produção dos bovinos desta raça. Atualmente é o animal preferido para produzir carne destinada a produção de embutidos e os cortes são considerados ‘denominação de origem protegida’ para os produtores de Alentejo. São animais de grande rusticidade pois em Portugal só é criada em regime de pasto que em grande parte do ano oferece uma alimentação muito desequilibrada.
Estima-se que efetivo atual dos bovinos da raça Alentejana, é de cerca de oito mil e quinhentas fêmeas distribuídas por cento e trinta fazendas, sendo a média de animais de oitenta fêmeas cada uma.
Muitas das raças desenvolvidas na América do Sul são derivadas de animais desta estirpe, trazidos pelos primeiros colonizadores.

AROUQUESA

A raça Arouquesa é originária do distrito de Aveiro, tendo como principal centro a municipalidade de Arouca, numa zona montanhosa de difícil acesso e reduzida densidade populacional.
Conhecem-se três estirpes da raça: o gado Arouquês de São Pedro do Sul, o gado Arouquês Paivoto e o gado Arouquês Caramuleiro, estando este último já extinto. Esta raça é usada na região para a produção de carne e de leite, assim também como animal de tiro. A carne e o leite são de boa qualidade. A produção de carne ou e leite do gado Arouquês para poder usar esta nomenclaura, tem que ser proveniente de animais inscritos no Registo Zootécnico, filhos de pai e mãe também puros da raça e com registro.
Uma das características dos animais da raça é a capacidade de caminhar nos íngremes e pedregosos caminhos das regiões montanhesas. A área geográfica de produção abrange os concelhos de Baião, Cinfães, Castelo de Paiva, Arouca, Castro Daire, São Pedro do Sul, Vale de Cambra, Sever do Vouga, Oliveira de Frades, Vouzela, Resende, Lamego, Tarouca, Amarante e Marco de Canaveses.

BARROSÃ

A raça Barrosã é considerada uma referência emblemática da bovinicultura portuguesa, pertence ao tronco mauritânico e é uma raça pura originária das terras altas do norte de Portugal, tendo similares na Espanha e no norte da África. Descende do Bos brachycephalus. Um dos seus destacados caracteres da raça é o excessivo desenvolvimento dos chifres. Tem a cor tirante a amarelo tostado com as extremidades escuras. São bons animais de tiro, suportando cargas pesadas. O nome se deve a região de Barroso de onde proveio.
A raça esteve em perigo de extinção nas décadas de 1960 e 1970 devido a cruzamentos indiscriminados e para evitar o seu desaparecimento várias medidas de proteção foram adotadas pelas autoridades, incluindo o Registo Zootécnico iniciado em 1981. Hoje o número de animais registados está próximo de 10.000.
O Registo Zootécnico era inicialmente mantido pela Direção Regional de Agricultura de Entre Douro e Minho em colaboração com a Direção Geral de Pecuária. Em 1993 foi transferido para Associação dos Criadores de Bovinos de Raça Barrosã que foi criada em 1990. Tem "denominação de origem controlada' para que a carne seja comercializada como Carne Barrosã.

MINHOTA OU GALEGA

A raça Galega ou Minhota teve origem no Minho, no distrito de Viana do Castelo e foi-se expandindo para os distritos vizinhos de Braga e Porto.
Na sua formação participaram três tipos de animais, os Marelos, os Bragueses e os Vermelhos do distrito de Viana, com a participação de 35% na formação, que por terem boa conformação para carne e predisposição para o trabalho na lavoura tornaram dominante. A raça está num processo de mestiçagem que está preocupando os seus admiradores, hoje encontram-se mais
animais que são produtos do cruzamento com Barrosã, Mirandesa, Holandesa e Charolesa, do que animais puros.

MIRANDESA

Há quem considere a raça Mirandesa descendente da raça Fusca do planalto superior castelhano, fazendo parte do tronco ibérico de raças europeias que abrangeria um grupo de raças afins de Portugal e Espanha (Leonesa, Castelhana, Andaluza)como também da França e Itália (Basca, Bearnesa e Carolesa), todas elas com a característica comum de terem a cor castanha. Seria originário do Bos taurus primigenius, parentesco que não é partilhado por Lima Pereira que considera o gado mirandês um núcleo heterogêneo quanto à sua origem, por resultar do cruzamento do Bos taurus brachyceros com o Bos taurus primigenius, podendo ainda hoje verificar-se esta diversidade feno-genotipica.

Desde 1865 são realizados concursos pecuários da raça, que passaram a ser patrocinados pelo governo em virtude do Decreto-lei nº 119. O Registro Zootécnico dos bovinos de raça Mirandesa iniciou-se em 1913 abrangendo os animais desta raça que eram criados nas aldeias vizinhas ao Posto Zootécnico de Miranda do Douro. Em 1959 a Portaria nº 17132 instituiu o Livro Genealógico da raça em conformidade com o Decreto nº 41109 de 14 de Maio de 1957, que regulamenta os serviços de reprodução animal.
É uma raça de animais destinados a lida agrícola e as fêmeas geralmente não são boas produtoras de leite, porém resistentes a pastagens fracas.
O nome se remete a Miranda do Douro, região do norte de Portugal onde existiam os animais mais representativos da raça.
Os chifres dos animais são medianos, brancos com a ponta preta. A pelagem é castanha escura nos touros, mais clara nos animais castrados e nas vacas.

0 Response to "HISTÓRIA DAS RAÇAS BOVINAS PORTUGUESAS"

Post a Comment

Iklan Atas Artikel

Iklan Tengah Artikel 1

Iklan Tengah Artikel 2

Iklan Bawah Artikel