A ALIMENTAÇÃO DOS VIKINGS

Guerreiros à mesa

Provenientes da gélida Escandinávia, os Vikings, temíveis guerreiros do Norte, enfrentavam habilmente o inclemente meio em que viviam. Com uma dieta monótona, para este povo guerreiro, o imperativo era sobreviver face às carências alimentares.

Quando em 793 d.C. um povo vindo do gélido Norte da Europa, atacou a localidade de Lindifarme, na actual Grã-Bretanha, iniciou um reinado de terror que se estenderia por mais de três séculos (até 1100 d.C).
A simples menção do seu nome fazia tremer populações inteiras.

Os gigantes Escandinavos, da Noruega, Suécia e Dinamarca, eram implacáveis guerreiros, sulcando os mares em velozes embarcações, demandando as costas, rios e mares desde a Europa Ocidental até ao Próximo Oriente.
Cedo se lançaram para paragens mais longínquas, chegando à Islândia, Gronelândia e mesmo à América do Norte. Para a posteridade ficaram conhecidos como Vikings, provavelmente derivado de “vik” que significa baía ou ribeira.

A terra de onde provinham, sulcada por fiordes, coberta de obscuras florestas, envolta em persistentes nevoeiros, conferia-lhes uma aura quase mítica. Contudo, a aspereza do clima e da geografia desta região tornavam bem terrenos os problemas deste povo. Ao contrário das imagens que retemos de opíparos banquetes e orgias, a realidade era bem mais frugal, com longos períodos de fome e pouca diversidade na dieta diária.

Uma austeridade extensível ao modo de vida. Habitavam em casas rectangulares despojadas de mobiliário, com paredes de turfa e madeira, estacas e adobos de pedra, telhados cobertos de colmo, com chão de juncos.
Era dentro de casa, por força dos ímpetos do clima, que os Vikings organizavam grande parte da sua vida. Comiam, dormiam, cozinhavam e trabalhavam numa sala. A lareira, quase sempre acesa, servia a cozinha, embora o pão fosse por muitas vezes cozido no forno exterior.

Dieta monótona

A refeição típica dos Vikings, normalmente confeccionada pelas mulheres, não primava pela diversidade. Algumas grossas fatias de pão com manteiga, carne de javali assada ou cozida, veado vermelho, alce ou mesmo urso, legumes ou fruta. Bebiam leite desnatado ou gordo e soro de leite, assim como cerveja e hidromel, bebida forte à base de água e mel. Este povo apreciava a comida doce e, como não tinham açúcar, usavam o mel nos seus preparos.

Hábeis no aproveitamento daquilo que a terra pouco generosa concedia, moldavam simples artefactos para levar à mesa. Usavam tigelas de madeira e vasos de metal. Dos cornos das vacas concebiam recipientes para beber, decorados com metais preciosos. Da parafernália de cozinha constava ainda a colher, o vaso para bebidas, o colherão e a concha.

Restringidos a um solo muito pobre, aos curtos estios, logo seguidos de duras invernias, os Vikings desenvolviam uma agricultura insípida, com quintas pequenas pontilhadas de hortas e campos cultivados. Tentavam a sorte com a cevada, aveia e, nalgumas regiões, o centeio. No Verão faziam a safra. As espigas de grão eram separadas das palhas e armazenadas até necessário. Eram depois transformadas em farinha utilizando-se moinhos manuais.
Praticavam ainda o cultivo da ervilha, couve, macieiras, aveleiras e nogueiras. As nozes e frutos eram, regra geral, guardados para consumo no Inverno.
Neste contexto austero o gado era muito importante, fornecendo carne e leite, transformado em manteiga e queijo. A carne era conservada em sal ou em escabeche

Leis implacáveis

Sempre que possível praticavam a caça grossa constituída pelas focas, bois-marinhos e baleias. Junto dos pântanos e das costas caçavam o pato bravo, gansos e aves-marinhas.
Apanhavam salmões e trutas de rio utilizando linhas com isco, armadilhas e redes.

A aspereza que se conhecia nos Vikings no contacto com outros povos não desdizia a forma implacável como tratavam dos assuntos internos. A ordem era a sobrevivência nem que para isso tivessem que sacrificar os seus. Por vezes, quando a comida disponível era escassa para os jovens e pessoas saudáveis, os idosos e recém-nascidos eram deixados a morrer. Contudo, se um homem perdesse o seu gado por doença os vizinhos davam-lhe cabeças do seu.

Ocasionalmente contactavam com as benesses alimentares de paragens mais meridionais. Os comerciantes Vikings traziam mercadorias da Alemanha, França, Inglaterra, Constantinopla e Pérsia.
O comércio que estabeleceram com o Próximo Oriente permitia-lhes enriquecer e apaladar a sua alimentação com as especiarias provindas de Bagdade.
Por certo uma excentricidade gastronómica para um povo que, em períodos de grande escassez, limitava a sua alimentação a cascas, algas e pouco mais.

In: www.drashirleydecampos.com.br

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